Já ouvi meu pai dizer que fui a única coisa do Guruçá que ele não projetou e deu certo. O antigo mastro asa (tenho que admitir, o cara era bonitão) projetado por um famoso americano não deu, papai teve que fazer outro mastro que também é bonitão e funciona. Por isso acho que sou especial. O único de fora.
Mamãe adora me empinar, plainar e eu adoro quando ela faz isso! Gosto de correr, pular as ondas, sentir a mamãe sorrindo porque tá fazendo arte (papai não deixa ela acelerar para economizar na gasosa), mas eu também me amarro quando papai usa o remo. Tranquilo, ele rema e viaja em seus pensamentos.
Fui construído em uma semana! Sou simples, mas não furo, não afundo e vivia recebendo elogios! Modéstia parte, faço bem o meu trabalho.
Aí começamos a viagem de volta ao mundo. Meus pais me colocavam em um píer (tipo um estacionamento de botes) e saiam para passear. Dai vinha alguém e me mudava de lugar, não me amarrava corretamente e eu ficava batendo no píer ou um bote de pesca, os marombados de alumínio, também ficavam batendo em mim, o dia todo, era um sofrimento. Meu pai sempre me fazia curativos depois. Chegou a brigar por minha causa. Tem muito velejador por ai que não respeita o que é dos outros. Depois de quase quatro anos, acostumei a apanhar de vez ou outra, mas papai cansou de me consertar e envelheci horrores!
Mamãe decretou SOS e entrei na faca, digo, na lixadeira. Lixa daqui, emassa dali. Botox, ops, pintura nova, anti derrapante e tcharãaaa, tô nos trinques novamente.
Cadê a mamãe? Agora quero correr pro abraço!
domingo, 9 de outubro de 2016
Minha repaginada
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